Sobre a felicidade




Felicidade, tema recorrente do mundo moderno, ou pós-moderno, não sou muito chegado a essas nomenclaturas, até mesmo porque a idade que chamam de idade das trevas foi provavelmente a idade mais digna da vida humana, evidente que não defendo a reclusão das literaturas, mas sou completamente contra a espiritualização vazia, sem sentido, empobrecida pela falta de referencial. Então, dessa forma é impossível reconhecer que somos uma geração de pessoas felizes. A idade antiga buscava o entendimento e a vida em família a idade média buscou a realização pelo viés religioso, a nossa era busca a realização pelo subjetivismo, somos realizados pelo que chamamos de sonho de liberdade, ou melhor sonho de felicidade.

Não quero me adentrar na questão epistemológica, embora a considere importantíssima, penso que ela fala do devir, ou seja do que determinada coisa deveria ser. Vou preferir tratar da questão ontológica, reconheço que o campo é minado perguntar pelo ser da felicidade é incrivelmente complicado. A proposto do blog é pensar a mente de forma repensada, pois bem, a relevância do tema em questão é orquestrada pela falta de entendimento do que se quer dizer com felicidade. 

A pergunta inicial é o que é felicidade? Na verdade é pergunta final também, a pergunta pela felicidade se transformou em um desejo pela felicidade.

Nas palavras de Gandhi, “não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho”. Com essa contribuição o líder pacifista transforma a felicidade de um devir para o próprio ser, ele personaliza a felicidade, de uma maneira lúdica transformando-a metaforicamente em um “caminho”. Dessa forma felicidade é o ser no meio, é a ponte do equilibro que liga aquilo que não é ao que é. Caminho é exatamente isso, então porque não somos felizes, se a felicidade é um caminho dado a todo ser humano? Simples, esquecemos o que tem do outro lado do caminho, esquecemos o motivo da jornada, esquecemos da peregrinação.

Então o que teria do outro lado do caminho? O próprio ser, eu definiria humildemente a felicidade como o caminho para o encontro com o “ser”. O estado que se encontra todo homem longe do ser é o estado do vazio, do nada. Está no não ser é o mesmo que dizer que estamos na angústia, ou pior no medo. Sim, pois a primeira gera a pergunta pelo ser, enquanto que a segunda é uma resposta ao ser, que o acaba por defini-lo e transformá-lo no caminho e não chegada.

Então, se a chegada é o encontro com o “ser”, onde fica o “existir”, lembrando que são categorias universais do ser humano. O existir é a categoria que nos lembra do tempo e do espaço, essas contingências, são as inquisidoras da consciência. Se lembramos do existir como o meio, então ele se confunde com a própria felicidade, ou é seu caminho contrário.Prefiro entender que em algum momento da existência ambas eram a mesma coisa, quando o processo da história nos transformou em escravos do tempo isso mudou, sendo que as duas se tornaram opostas. Penso que a felicidade aqui poderia ser pensado como o descanso do existir, quando por determinação da plenitude da história acertamos o caminho do “Ser”, nos tornamos felizes.

Como diria Bultmann “A interrogação acerca de Deus e a interrogação acerca de nós são idênticas”, Ao termos um encontro existencial com o ser de Deus, encontramos a felicidade, isso esclarece porque aqueles que ignoram a pergunta sobre Deus, possam se sentir felizes, na verdade encontraram uma, ou várias de seus atributos, isso pode acontecer amando alguém ou amando uma causa. Deve ser por isso que autores no Novo testamento afirmaram que “Deus é amor”, bom isso é assunto pra outro post, mas retornando a questão introdutória. Felicidade é tanto o meio pra se chegar ao ser como o descanso do não-ser quanto este se encontra com o atributo da divindade.


Termino e concordo com as palavras de Kierkegaard “A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais”.

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Eu acredito em Papai Noel

Faltando apenas alguns dias para o dia 25 de dezembro, me coloquei a refleti sobre a data e seu significado. Não quero falar diretamente do legítimo representante da data, Jesus Cristo. Preferencialmente quero falar sobre um homem muito bom, que o defendeu em um período de crise na Igreja. Quero falar sobre o Papai Noel, ou melhor o bispo Nicolau.

Nicolau é um conhecido bispo da história da igreja, é certo que circundam sobre eles diversas crenças mitológicas que não ajudam muito. Gostaria de usar alguns dados concretos para falar sobre ele, mas antes é preciso fazer um resumo histórico da sua época.

Antes do concílio de Niceia, um dos mais relevantes para a história da igreja, os bispos e membros eram perseguidos e encarcerados  com ferocidade e por vezes executados pelas autoridades romanas. Os templos das igrejas eram confiscados e transformados em templos pagãos. Nesse clima surge o imperador Constantino que fundiu a igreja com o estado e soltou os prisioneiros cristãos.

Entre esses prisioneiros estava exatamente Nicolau, preso por recusar-se a negar sua fé em Jesus Cristo, foi chicoteado todos o dias no cativeiro. Logo depois de ser solto, a questão do arianismo, que negava a divindade de Cristo, era latente. E novamente, o Bispo de Mira, decide não negar a sua fé. Além disso participa ativamente no Concilio de Niceia, afirmando agora não só a historicidade de Cristo, como tinha feito antigamente, mas agora o Cristo da fé é mantido, sua divindade preservada na mente da Igreja, mesmo depois de passar por uma de suas maiores perseguições.

Esse Nicolau, que ganhou um novo nome “Noel”, dentro da tradição brasileira, perdeu seu significado. O símbolo do cristão fervoroso que repartia o que tinha com as crianças por entender a encarnação de Deus como um sinal de cuidado educacional e espiritual de todas as pessoas foi ignorado, sendo demonizado pela cultura materialista da modernidade. 

Agora ele já não defende a fé, pois os opositores da fé, o transformaram em um mago, um bruxo, um esquizofrênico, totalmente desnorteado da pura realidade, fadado a viver em um mundo de “magia”. Sinto verdadeira repulsa, ao simples fato de pensar o que aconteceria se o verdadeiro bom velhinho soubesse que o tinham transformado em um “pagão”, e por pagão não quero entender como aquele sistema religioso que não faça parte da religiosidade judaico-cristã, pelo contrário, pagão aqui se entende como um argumento do mal, uma ideologia que corrompe a consciência dos pobres, dos incultos, dos ignorantes. Corrupção que obriga milhares de perdidos em sua consciência coletiva a financiarem o mercado com as suas pequenas posses. 

Quero realmente acreditar em Papai Noel. Uma geração de Nicolaus deveria se erguer de uma igreja que se encontra em ruínas, para defender a fé fora de suas porteiras, para que se lute pela afirmação na fé no Cristo divino, no Cristo histórico. O único símbolo que pode ser adorado sem que se torne um “demônio”.

O maior legado que Nicolau deixou foi colocar Jesus Cristo no centro de sua vida, seu ministério, toda a sua existência. Precisamos sim voltar a acreditar em “Papai Noel”. 

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Culpa: Palavras para um Homem no Corredor da Morte


Em 1966 Viktor Frankl falou com os internos da maior prisão pública da Califórnia, San Quentin. Ele falou na capela, e seu discurso também era transmitido aos homens nas celas. Durante o período de perguntas Dr. Frankl foi questionado como lidar com a culpa. Em uma pergunta subseqüente foi perguntado se ele direcionaria algumas palavras a um homem no corredor da morte que tinha execução programada para a semana seguinte.

O Significado de Culpa¹


Eu tenho falado sobre minha forte convicção que a vida tem sentido sob todas as condições, até o último momento de nossas vidas. Isto também é verdade para condições que eu tenho nomeado de "a tríade trágica": sofrimento inevitável, morte, e culpa. 

No sofrimento, o que importa é a atitude que nós levamos para situações onde o sofrimento ficou inevitável. Na culpa, o que importa é a atitude que nós levamos para nós mesmos, para o mal que temos cometido, separar-nos de nosso eu² (self) anterior, não mais nos identificar com nosso eu culpado de antes, nos tornarmos um ser diferente, mudar para o melhor. 

Isto é feito enfrentando o que nós fizemos, tendo a coragem para dizer, "isto está errado", e de qualquer forma tentar arduamente crescer para além disto. Isto é significante. Há muitas vidas nas quais esta nova atitude para o eu pode ser a moldura e cerne do mais profundo sentido que uma pessoa podem preencher.

Eu desejo saber se sua biblioteca tem uma cópia do romance curto de Tolstoy, "A Morte de Ivan Ilyich". Conta a história de um homem que, aos 60 anos de idade, reconhece que tem apenas pouco tempo de vida. Ele começa repentinamente a reavaliar sua vida, ele vê tudo com diferentes olhos, vê que desperdiçou sua vida inteira. Ele realmente não amou, sua vida não teve um real conteúdo. Ele está envergonhado de si mesmo e sinceramente se arrepende e lamenta.

Só um grande artista como Tolstoy é capaz de recontar tal mudança. Tolstoy mostra como este homem, em confrontação de seu eu anterior, pela primeira vez em sua vida, começa a crescer, vá além se si mesmo, para preencher seu mais profundo significado, experienciando sua vida incluindo seus fracassos, e os reconhecendo, ele os transcende, ele vai além deles. Literalmente para seu último momento, nem sofrimento, nem morte iminente, nem culpa pode anular o potencial de descobrir a infinita significância da vida.

Em alguns momentos eu dizia a mim mesmo: se o sentido da vida meramente consiste em sobreviver a uma situação, este não é um sentido verdadeiro. Seja como for há um sentido independente em se sobrevivemos ou não, eu gostaria de sobreviver, mas se não, pelo menos há um significado. Ou não há nenhum significado, não há nada, então eu nem mesmo gostaria de sobreviver em uma vida sem sentido. Então eu lutei com este problema até que eu tive este pensamento: o que seria de uma vida se seu sentido dependesse de um manuscrito ser publicado ou de alguém sobreviver por mais alguns anos. E eu decidi que se este manuscrito nunca fosse publicado, tudo bem. Mas eu decidi viver de acordo com o que eu coloquei no papel. Eu desejei publicar minha convicção de que a posição que nós adquirimos é a última fonte de sentido.

Isto é ainda mais verdadeiro quando nós enfrentarmos uma situação de sofrimento inevitável. Eu estava em tal situação e decidi fazer o que eu tinha escrito.

Foi permitido a mim sobreviver, não devido a qualquer mérito mas como um fato. Mais que nunca estou convencido de que o que importa não é a extensão de nossas vidas, mas o que nós somos, o que nos tornamos na hora do último desespero. Nós não podemos fazer nada, nós não podemos fazer coisa alguma, mas nós bem que podemos nos tornar algo, nos tornar alguém. Há as pessoas que se tornam seu autêntico eu em face a morte. Eles se completaram e completaram os sentidos de suas vidas no momento ao qual ninguém acreditaria, e todos os observadores ficam envergonhados.


____________________________________
¹Texto de  Viktor Frankl retirado do Foro Internacional de Logoterapia, 2000, 23, 47-49, com fonte do Instituto Geist
² N.T.: Foi utilizada a palavra eu como melhor tradução para self. A palavra é grifada em itálico nas vezes em que aparece com este sentido.

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

ESPIRITUALIDADE E MUDANÇA DE ÉPOCA


AS PRÁTICAS DE ESPIRITUALIDADE, HOJE, PODEM SIGNIFICAR TUDO OU QUALQUER COISA.
ATÉ ALGUM TEMPO, AFIRMAR-SE QUE DETERMINADA PESSOA ERA "ESPIRITUAL" SIGNIFICAVA DIZER QUE ELA ERA DEDICADA AO CAMPO DAS EXPERIÊNCIAS RELIGIOSAS, SEM PREOCUPAÇÃO COM AS COISAS MATERIAIS. O ESPIRITUAL ERA AQUELE QUE CUIDAVA DAS "COISAS DO ESPÍRITO". ISSO PORQUE MUNDO ESPIRITUAL E MUNDO MATERIAL FORAM SEMPRE VISTOS COMO ANTAGÔNICOS. POSSIVELMENTE, PELA INFLUENCIA DA CULTURA GREGA, O CRISTIANISMO FOI SE CONSTRUINDO COM ESSA DICOTOMIA ENTRE O MATERIAL E O ESPIRITUAL, ENTRE O SAGRADO E O PROFANO, ENTRE A VIDA PRIVADA E A PÚBLICA. A ESPIRITUALIDADE SE LIMITAVA AO ESPAÇO RELIGIOSO, DE TAL MODO QUE AS VIVÊNCIAS PÚBLICAS RELACIONADAS A ATIVIDADES COMO ECONOMIA, POLÍTICA, LAZER, SAÚDE, EDUCAÇÃO ETC FICAVAM DELEGADAS AO MUNDO PROFANO.
ASSIM, SER RELIGIOSO PRATICANTE E SER ESPIRITUAL PASSARAM A SIGNIFICAR, QUASE SEMPRE, A MESMA COISA. COM ESSA CONCEPÇÃO, AS PRÁTICAS RELIGIOSAS TENDIAM A ALIENAR AS PESSOAS DAS NECESSIDADES RELACIONADAS AO CORPO, AO LAZER OU ÀS LUTAS PELA DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS. ISSO NÃO SIGNIFICA DIZER, POR EXEMPLO, QUE RELIGIÃO E POLÍTICA ESTIVESSEM SEPARADAS EM SUAS ENGENHOSAS FORMAS DE ATUAÇÃO. ALGUMAS VEZES, ALIÁS, ESTIVERAM JUNTAS NOS PROJETOS DE CONQUISTA E DOMINAÇÃO DE IMPÉRIOS PODEROSOS; OUTRAS VEZES, SURGIAM APARENTEMENTE DISTINTAS, COMO SE SEPARADAS FOSSEM: PORÉM, SUTILMENTE UNIDAS, SENDO A RELIGIÃO O AGENTE DE ALIENAÇÃO – O "ÓPIO DO POVO" –, PROPICIANDO A ACOMODAÇÃO E A INÉRCIA DE POPULAÇÕES QUE NÃO REAGIAM ÀS DITADURAS, AOS PROCESSOS DE DOMINAÇÃO OU DE COLONIZAÇÃO.
AFINAL DE CONTAS, O QUE É ESPIRITUALIDADE? DE UM LADO, PODEMOS COMPREENDER A ESPIRITUALIDADE COMO UMA INTERAÇÃO DE DEUS COM OS SERES HUMANOS. PORÉM, PODEMOS PERCEBÊ-LA, TAMBÉM, COMO DESDOBRAMENTO DAS INTER-RELAÇÕES DAS PESSOAS COM OS "ESPÍRITOS", OU PARADIGMAS, DE CADA ÉPOCA. ASSIM, É COMUM E CORRETO FALAR-SE, POR EXEMPLO, EM ESPÍRITO ILUMINISTA, ESPÍRITO DO CAPITALISMO, ESPÍRITO DE RELIGIOSIDADE. ACONTECE QUE NOSSA GERAÇÃO TEM PASSADO POR PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÕES PROFUNDAS. NÃO ESTAMOS, APENAS, NUMA ÉPOCA DE MUDANÇAS, MAS NUMA MUDANÇA DE ÉPOCA. AXIOMAS FUNDAMENTAIS ESTÃO INTERFERINDO NO CURSO DE NOSSA HISTÓRIA. SAÍMOS DA PERÍCIA RACIONALISTA PARA O MUNDO DA SUBJETIVIDADE, DA INTUIÇÃO. PARA A SOCIEDADE PÓS-MODERNA, NÃO EXISTE MAIS UMA VERDADE ABSOLUTA, UM SER ÚNICO – O TEMPO PRESENTE FERMENTA A PROLIFERAÇÃO DO RELATIVISMO E DO PLURALISMO.
AS PRÁTICAS DE ESPIRITUALIDADE, HOJE, PODEM SIGNIFICAR TUDO OU QUALQUER COISA. COMPARANDO-SE ESSAS VIVÊNCIAS DE ESPIRITUALIDADE COM OS ENSINOS E PRÁTICAS DO JESUS HISTÓRICO, VAMOS ENCONTRAR MUITAS DIFERENÇAS, E ESSA TRANSIÇÃO DE ÉPOCA DESAFIA A ESPIRITUALIDADE, MISSÃO E CONSTRUÇÃO TEOLÓGICA DOS SEGUIDORES DE CRISTO NESSA GERAÇÃO. NÃO RECEIO EM AFIRMAR QUE A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ VIVE UMA DE SUAS CRISES MAIS PROFUNDAS. A CRISE ESPIRITUAL GERA A BANALIZAÇÃO DAS VIRTUDES E DOS PRINCÍPIOS MAIS IMPORTANTES DA VIDA. A CORRUPÇÃO, E HIPOCRISIA DE NOSSOS LIDERES POLÍTICOS; A DECADÊNCIA DAS RELAÇÕES FAMILIARES; A VIOLÊNCIA E TANTAS OUTRAS CARACTERÍSTICAS DANOSAS DESTA ÉPOCA SÃO EVIDÊNCIAS DA DECADÊNCIA DOS VALORES ÉTICOS E MORAIS DO POVO BRASILEIRO.
A ESPIRITUALIDADE TEM SIDO PRATICADA, TAMBÉM, COMO FERRAMENTA PARA A PROSPERIDADE MATERIAL E SATISFAÇÃO DE DESEJOS. SENDO ASSIM, A ESPIRITUALIDADE NÃO É UMA ABORDAGEM, APENAS, DE INTERESSE DE PESSOAS RELIGIOSAS – ELA PASSOU A SER TAMBÉM OBJETO DE ENTRETENIMENTO, SEJA EM CULTOS E CELEBRAÇÕES, SEJA EM ESPAÇOS DE LAZER E ESPORTES, SEJA NO MUNDO CORPORATIVO. CRIA-SE, ASSIM, UMA ENORME PANACEIA ESPIRITUAL: A NOÇÃO DO SAGRADO E DA DEVOÇÃO SE DILUEM NAS MAIS VARIADAS EXPERIÊNCIAS MÍSTICAS E EM ATITUDES EXTERIORES QUE PASSAM LONGE DA GENUÍNA DEVOÇÃO, DA PIEDADE E DA FÉ VIVA.
MESMO ASSIM, AINDA ACREDITO NUMA ESPIRITUALIDADE QUE NOS TORNE MAIS HUMANOS, MAIS PRÓXIMOS DE DEUS, DAS PESSOAS E DE TODO O MEIO AMBIENTE DE QUE SOMOS PARTE. QUE POSSA GERAR MAIS VIDA DO QUE LUCRO MATERIAL; MAIS VIRTUDES DO QUE SUCESSO; MAIS AMOR ÀS PESSOAS DO QUE APEGO ÀS COISAS; MAIS SOLIDARIEDADE DO QUE COMPETIÇÃO; MAIS INTEGRIDADE DO QUE RELIGIOSIDADE; MAIS RENÚNCIA DO QUE EGOÍSMO. CONTINUO SONHANDO E AGINDO NA BUSCA DE UMA ESPIRITUALIDADE MAIS COMPROMETIDA COM DEUS E A VIDA ABUNDANTE PARA TODAS AS PESSOAS. UMA ESPIRITUALIDADE QUE COMBATA TODA FORMA DE INJUSTIÇA E OPRESSÃO.
AINDA HÁ TEMPO! E QUE DEUS NOS AJUDE NO CAMINHO DA VIDA, CONSTRUINDO JUSTIÇA, LIBERDADE, DEMOCRACIA PLENA E GARANTIA DE DIREITOS PARA TODOS.

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Carta a um amigo que perdeu a mãe


Meu caro Marcos,

Espero que esta o encontre bem, e em paz em todas as coisas.

Soube há alguns dias da morte de sua mãe e da sua dificuldade de superar esse terrível sofrimento, me disseram dos seus questionamentos a Deus a respeito do por quê das coisas, e principalmente da sua vontade de suicídio. Além disso a situação se agravou pelo fato de você ter se mantido próximo a ela nos últimos dias.

Infelizmente não tenho nenhuma resposta ao seu sofrimento, poderia imitar aqueles que do seu lado manifestaram palavras e gestos dos quais eu sei que não lhe ajudaram muito, afinal, perder alguém tão importante não deveria ser diferente, e as palavras realmente não podem fazer o suficiente. Esclareço que lhe escrevi para o seu conforto, reconhecendo que poderei passar por sofrimento semelhante, mas nunca igual ao seu.

Em primeiro lugar, diante desse momento tão difícil, peço lhe perdão por não conseguir palpar o seu sentimento, é distante demais para mim. Cada sofrimento tem origem particular em cada ser. Seria impossível inventar um gráfico para dor, devido à relatividade do ser humano. Peço desculpas, ao tempo que digo que estou pessoalmente ligado à sua dor, apesar de não senti-la. Sou resultado de conflitos internos e externos como qualquer pessoa, o que me confere certa autoridade para ao menos refletir sobre isso.

Em segundo lugar pontuo aqui, a anatomia da dor, que implora por sentido, aquele pranto, que dizia assim:

-- Por quê meu Deus. Por quê?

Não era nada a não ser uma tentativa da sua própria alma de tentar descobrir um significado em meio a dor, é nesse instante que o que mais queremos é encontra uma resposta, que ela tenha um "por quê", o fazemos isso naturalmente. Rogo-lhe que essa pergunta lhe saia por um milésimo de segundo da sua mente e que seja substituída por outra, não menos importante, pergunte o “para que” disso. Sei que a primeira pergunta não tem resposta, o "por quê" das coisas só lhe servem para significar elas próprias, veja que você nunca perguntou o "por quê" de se ter um computador, embora sempre tenha perguntado, "para que" serve isto? Veja que esta base quase infantil foi que lhe conferiu a maneira mais simples de viver. Creio que ao se aproximar do “para que” descobrirá que a teia da existência sempre nos permite mais um fio, e esse fio pode fazer tudo mudar.

Em último lugar peço que aproveite o tempo que tem agora, para que a existência de sua mãe lhe sirva de norte. Dona Ester sempre foi a mais sorridente das mulheres, sempre lhe confortou quando algo saia errado, e acredite, ela não aguentaria que você morresse antes dela, por isso considere como missão te-la procedido, missão que a própria vida impôs.

Nos mais, peço que me tenha em compaixão, e continue a me ajudar nos meu próprios sofrimentos, até uma próxima.

Do seu amigo,


Rafael Sá


[A carta é fictícia bem como as personagens aqui mencionadas]

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Ensaio sobre vida, morte e esperança


Um dos maiores dilemas enfrentados pela humanidade é a falta de sentido. O sentimento de culpa, em momentos de solidão, a nostalgia que renasce após alguns minutos de chuva, quando o vapor que sobe da terra esfria os nossos ossos, baixando a temperatura e nos tornando vulneráveis às lembranças.

O problema é que algumas das lembranças estão cobertas pelo sofrimento, isso acontece porque o que lembra é sempre passado, e o que é passado já não é, morreu. Para que entendamos isso, imagine que quando você chegou a essa palavra, morreu. A pulsão que envolve o homem para o passado pode ser chamada de regresso continuo, e alcança níveis austeros, principalmente quando o ambiente não o impele para o futuro
.
Os homens encaram a pior realidade da vida todas as vezes que ele esquece o que não tem que chamamos de futuro, ele se encontra com a realidade que não tem mais, que chamamos de passado. Seria possível superar a falta de sentido sabendo que somos miseráveis seres que não possuem nada ontologicamente falando? Sim, pela superação do sofrimento, ou melhor, com a vivencia com o sofrimento.

Uma pergunta do campo de concentração que me chama atenção na obra de Viktor Emil Frankl, é sobre a possibilidade dos prisioneiros do nazismo avançarem para a cerca elétrica e simplesmente acabarem com o seu sofrimento. Frankl, nos lembra que eles não ia porque esperavam rever seus familiares, sua igreja  ou seu trabalho. Na vida é assim o que nos leva a enfrentar as dificuldades não é o passado, mas a esperança. Quem tem um 'porquê' enfrenta qualquer 'como', dizia Nietzsche.

Só não nos aventuramos o suicido pela esperança que temos de encontramos depois da chuva o sol, depois do frio, o calor, depois da tempestade a bonança.

            Quem dotou o homem de esperança sabia muito bem o precioso bem que lhe entregava, e quando a esperança falta e o frio dói, esperar ainda é a melhor opção, o passado nos ensina a ir para frente porque ele não teve a mesma sorte. E quando o nosso próprio sentido nos trair, olhemos para aquele que nos transcende, aprendamos com Davi quando diz:

Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. 


O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Algumas palavras sobre corrupção


Existe um fenômeno cultural que encerra a questão do aprisionamento da alma. Corrupção. A palavra latina curruptus que quer dizer “quebrado em pedaços”, determina à primeira vista que algo se tornou o que não era, tal como um vaso que tinha forma perfeita, e que ao ser martelado se fez em ruínas.

Um dos assuntos mais comentados no Brasil é a criminosa corrupção politica, filosófica, educativa, entres outros. Ao analisar o problema, em um primeiro momento verificamos que a corrupção é sempre compartilhada, não existe corrupto sem corrompido e não existe corrompido sem um corrupto. Sempre há um sujeito corruptor e um objeto corrompido, uma estrada de mão dupla.

Precisamos parar pra pensar no tal “martelo” que quebrou o vaso, se somos uma sociedade constituída por princípios universalmente éticos que impelem o homem para o que é bom, porque ainda somos tentando à corrupção? O “martelo” poderia ser chamado de vícios e o vaso de mente. Ao atirarmos contra a dimensão mental com práticas não convencionais relacionadas a desvios éticos quebramos a dimensão em pedaços.

Acontece com os políticos que se convenceram que podem simplesmente ludibriar seus eleitores, acontece com a pessoa que adultera a gasolina, acontece com quem fura a fila. Modelos de corrupção aperfeiçoados pela invalidade dos valores e o cultivo dos vícios.

            Um componente vital pra a corrupção mental é o midiatismo moderno, centrado no contrato do vicio, ou seja, daquilo que depois de ingerido produz aprisionamento, seria até possível falar em dependentes de meios comunicativos, ao cultivar péssimos hábitos temos ai uma substituição do que é bom para aquilo que completamente mal.

            A melhor medida pra vencermos a corrupção é pelo convencimento racional de que à medida que me afasto daquilo que é mal e me aproximo do que é virtuoso, assumo um caráter genuinamente humano, Paulo de Tarso nos ensinando a pensar, diz o seguinte:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”  

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Identidade



                            Torna-te o que és. O principio de identidade da lógica diz que todo objeto é igual a si mesmo, isso quer dizer que A nunca pode ser igual B, e nem o contrário. Saindo do conceito para a prática humana isso quer dizer que você nunca conseguira ser outro ser que não seja você.
                            Parece simples o argumento, mas me espanto realmente com a quantidade de pessoas que querem ser outra pessoa. Aprendi nos bancos da faculdade que a pessoa humana aprende por algo muito simples chamada de imagem, e é está que condiciona todos os conceitos que os homens têm.
                            Quando alguém se colocar a querer ser uma nova pessoa, frase que já virou clichê, muito motivada pelos livros de auto ajuda, ela na verdade está ignorando o papel que tem, assumindo assim uma nova identidade, a partir da qual se identificará com o mundo.
                            As pessoas se alienam muito fácil, de seriados como Harry Potter, a times de futebol, passando pelas igrejas e chegando a bandas de Rock, assumem uma identidade diferente da projetada para ela, na verdade sua vontade é ser o melhor para ser aceita. É verdade que quando nos identificamos com outros e percebemos suas melhores potencialidades, reassumimos o compromisso de ajudar o outro a ser melhor. Embora, ser o que realmente somos mostra a capacidade que aqueles que nos criou nos deu de nos tornamos o melhor todos os dias.

                            Criação não é evolução, pois não é um processo de alienação para ser outro. Criação é viver o melhor que posso ser e esse ser não pode ser diferente de mim mesmo.

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Pelo primeiro passo


O mundo é peregrinação. Dificilmente alguém não religioso se identificaria com essa metáfora, não é atrativo pra ninguém se desvencilhar da vontade de poder, e decidir caminhar em direção a uma jornada verdadeira pela vida.

Ao se pensar em representação pela peregrinação, deveríamos adentrar primeiro no processo de ser no mundo. Algo como está aqui para algum propósito. Dar um passo em direção a algum lugar é mais importante que  escolher permanecer em uma ideologia particular, subjetiva, que aflora simplesmente a consciência do grande niilismo que nos acomete, que é exatamente a falta de sentido.

O mundo seria bem melhor representado por uma metáfora que fosse dinâmica, permanecer apático em relação as questões primordiais da vida, como a fé, a esperança e o amor é pura histeria coletiva daqueles que preferem viver na angustia de seu próprio sofrimento.

Peregrinação é a dinâmica que a própria vida requer de nós, “ir em direção a”, é o que identifica os passos de uma criança ao se impor no mundo. Há exemplo da causa infantil, o homem como todo não pode alcançar entendimento algum de nenhum fato relacionado à vida a não ser que se proponha a dar um primeiro, um segundo e indefinidos passos em direção ao seu próprio sentido.

Não posso deixar de citar que esse texto é uma compreensão de um sonho vivido por um pobre homem condenado pela sua fé chamado de John Bunyan autor de “O peregrino”. Se identificar com a jornada de sua vida seria o primeiro passo para o homem conhecido como pós-moderno avançar como homem que é no mundo. A relatividade das ações que o nosso cotidiano impôs é daninha para o processo de dar dignidade à pessoa humana

Vivemos sem sentido porque a vida não nos faz sentido. Qual o sentido de um jogador de futebol que perde suas pernas? O primeiro olhar para essa situação diria, nenhum. E isso só acontece porque o tal jogador não é mais que um produto midiático, ou de um processo de coisificação, que ele só tem sentido enquanto um objeto.

            Assumir uma postura em relação à vida e entender que o sentido da vida só pode está além da própria vida é um teste de coragem. Se a vida é um fim em si mesmo, logo somos os seres mais miseráveis do mundo.


Agora, preciso assumir uma postura radical, minha própria postura, tenho que dizer que minha vida não faria sentido sem o ser que designamos a milênios de Deus. Por mais que a sugestão imponha uma religiosidade ou um fanatismo, esclareço que à medida que me liberto do processo de alienação só posso ver sentido para além dessa vida na transcendência do meu próprio ser, orientado ou para outra pessoa ou para o meu Deus que a ambos  amo e sirvo.
Pense! Repense! Dê o primeiro passo!

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Reflexo


Quem nunca se aventurou a devanear-se pelos seus próprios extintos, ignorando as categorias a priori, ou fundamentais, da existência humana, como tempo e espaço, e passear pelas virtudes do seu eu enquanto pessoa, bem como seus vícios. O exercício reflexivo conduz o homem a predicação de conceitos, aqueles mais próximos da objetivação.

No ato reflexivo o homem se torna senhor da história usual, declaradamente anterior a sua subjetividade. Quando se olha no espelho, a imagem projetada é uma imagem inversamente acomodada, ilusória, passageira. A contemplação percebe o homem no seu sentido máximo como homem-além-homem, um sentido novo aflora que não se baseia nos sensoriais convencionais, como audição visão. Não poderia ser uma intuição, pois não é uma profetismos futurista que o define.

Ao observa outro homem, o homem a priori é forçado a uma hermenêutica do ser que é transitoriamente orientada para a sua própria cosmovisão.

Se a visão do outro é minha própria visão qual seria a visão de mim mesmo? A visão de si mesmo é a visão interpretativa de outro-eu que atua como cosmo visionário do ser como pessoa. Isso quer dizer que ao ser me acomodo a visão particular de outro. A grande suposição nova é que quando olhamos para o outro o vemos como a nós mesmos, em contrapartida ao olharmos para nós mesmos somos sujeito do outro em nós.

Nessas categorias o homem nunca se enxergou e nunca enxergou outro homem, é sempre uma interpretação co-relacional.

Como o homem pode encontra-se em si mesmo se sempre é sujeito outro? A busca de um si mesmo acontece à medida que percebo o outro como ser não outro, mas como ser em mim.


Esse texto continuará em ocasiões posteriores... Sinto me incapaz de continuar agora com esse novo tipo de conhecimento. Aguarde!
Pense! Repense! 

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Olhando para os Pássaros


Aprender a vê a beleza naquilo que é necessário nas coisas é uma lição que o homem poderia apreender á medida que se aproxima delas. Focaremos o olhar naquele que é o mais sublime de todos os homens, e o melhor e mais humilde entre os “deuses”.

Nenhum “deus” criado em qualquer movimento mitológico comprometeu-se a conhecer e vivenciar a existência humana. É fato que os homens nunca reconheceriam como “deus” aquele que se humilha a tal posição, a menos que ele se torne um tirano.

João um dos apóstolos, conceituou o principio de todas as coisas a partir de uma palavra, o "logos".O logos joanino aponta para Deus encarnado na forma de homem. homem de dores, sofrimentos, angústias. É esse homem que ao olhar para nós pobres e infelizes existentes, observa uma das nossas necessidades de forma singular, em um episódio que marcou a vida de um discípulo, Levi, chamado no meio grego de Mateus, ele registrou o seguinte:

Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

Ao existir no tempo, Cristo ensina muito sobre a necessidade de humanização do homem. E ao olhar para as coisas simples e falar da essência natural da criação, ensina o homem a necessidade de observar passivamente sua vida, para daí então passar a atuar no mundo.

Precisamos de mais contemplação para passar a desejada ação. A ação natural do cosmos e sua organização enfatizam a soberania de Deus, do seu mandato que não é arbitrário, mas capaz de observar os aspectos mais bonitos e simples de sua criação, como no episódio acima.

Observemos uma coisa de cada vez, percebamos a essência de cada coisa, nos retiremos da aceleração do pensamento que nos faz abrir várias abas de um navegador de uma vez, relaxemos, quebremos o circulo vicioso da ansiedade que gera medo que por sua vez gera mais ansiedade e assim sucessivamente. Mudar a rotina e observar a ordem das coisas nos fará refletir sobre o sentido da nossa existência, nos tornando parte de um plano maravilhoso de vida plena de sentido.

Como disse Nietzsche:


"Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas."

Pense! Repense! Olhe para o que realmente é importante!

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Pelo Sentido do Amor


 “O amor é a única maneira de captar o outro ser humano no íntimo de sua personalidade. Ninguém consegue ter consciência plena da essência última de outro ser humano sem amá-la.”

Em um dos maiores best-sellers dos Estados Unidos, encontra-se essa poética afirmação. É possível imaginar muitas pessoas dizendo isso, de produtores de autoajuda a monges budistas, embora, contrariando essas expectativas, essa frase saiu das mãos de um prisioneiro do nazismo, sobrevivente de auschwitz. Viktor Frankl, escritor de “Em busca de sentido”, vivenciou o pior que a raça humana produziu, para depois de uma reflexão profunda encontrar sentido, e uns dos mais sublimes sentidos no amor.

A pessoa que tem a quem amar, necessariamente tem pelo quer viver. É nessa capacidade de se realizar no outro que encontramos refugio para nosso percurso existencial. Um passo de cada vez para entender que a vida só terá sentido quando entendermos o sofrimento da pessoa amada e nos tornarmos seus parceiros na resiliência.

A existência, como sugeriu o mito grego de Dionísio é puro sofrimento, mas a possibilidade de transcender amando o próximo torna-nos vividamente melhores, superando assim a nossa terrível falta de sentido.

Vou concluir esse post com mais uma reflexão de Frankl, para que os leitores entendam a possibilidades que possuem de interagir com a vida, fazendo com que os outros sejam os melhores de si mesmos.

"Por seu amor a pessoa se torna capaz de ver os traços característicos e as feições essenciais do seu amado; mais ainda, ela vê o que está potencialmente contido nele, aquilo que ainda não está, mas deveria ser realizado. Além disso, através do seu amor a pessoa que ama capacita a pessoa amada a realizar essas potencialidades."

Pense! Repense! Ame e deixe ser amado!


O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Pela Liberdade da mente





Uma clássica frase surge de um dos teólogos mais equilibrados do período estóico e epicurista, Paulo de Tarso, que num momento de inspiração rompeu o horizonte religioso, científico e filosófico dizendo:
"Transformai-vos pela renovação de vossas mentes"

A frase é simples mas não pode ser entendida sem uma observação histórica, e o passeio começa pela ideia de Homero que identifica a "forma" de transformai como aquilo que é aparente, não longe da verdade apoiam-se nesse argumento os estudos de um famoso filósofo conhecido por Aristóteles que distinguia a matéria da forma, onde a forma seria a essência necessária.

Abalizamos a segunda parte da palavra, voltaremos para o prefixo que lhe modifica, o "trans", no grego, a partícula é metha, e seu uso implica numa mudança inconfundível daquilo que lhe sugere, em outras palavras, a sugestão de Paulo é que sejamos modificados naquilo que nos identifica, a "essência".

Como a essência em si não pode ser mudada o que pode acontecer é a semelhança com a natureza, o vir-a-ser o tornar-se. Uma borboleta tornou-se, pois não era, mas tinha potência para ser. Realmente é preciso coragem para ser, torna-se o que é. Essas raizes diferenciaram os indivíduos que permaneceram como potencia dos que  passaram para o ato.

Passaremos a discutir um local onde a transformação deve acontecer, na mente. Essa palavra traz em si a dimensão que evoca a espiritualidade, a dimensão noogênica, onde a maioria das neuroses acontece. É nesse local que o homem precisa ser renovado, reavaliado, refeito, enfim, "transformado".

Fecho a postagem com duas reflexões. A primeira é orientada para o propósito do blog, liberdade da mente. A grande missão é vencer os empecilhos que procrastinam a interação com o nosso eu-religioso. A segunda é a abordagem que Bultmann deu a esse assunto que melhor sintetiza tudo o que queremos viver:

"Trata-se, não de uma nova aprendizagem teorética, mas da renovação da vontade"

Pense!Repense!
 
 

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!

Boas Vindas!



"Neste dia perfeito, em que tudo amadurece senão só a videira doura, caiu-me na vida um raio de sol: olhei para trás, olhei para frente, jamais vi tantas e tão boas coisas de uma só vez."

Começo essas postagens com  um dos mais sublimes livros já escritos pelo homem, refiro-me a Ecce Homo de Nietzsche.O ritmo não será frenético, o objetivo é observar uma coisa de cada vez. Refletir sobre o propósito de cada microcosmo que nos revela a vida. O olhar é sempre demasiadamente humano, contudo, não perderemos de vista aquilo que nos torna verdadeiramente homens, a causa primeira que move todas as coisas, pelo seu logos criador.

Me atrevo a usar as palavras de Viktor Frankl no seu livro " o Deus inconciente" quando diz que:

 Na verdade, a pessoa contenta-se, às vezes, em renegar o nome de Deus; por arrogância fala então "do divino" ou "da divindade", e mesmo a ela gostaria de dar um nome particular ou escondê-la a qualquer preço atrás de expressões vagas e nebulosas de conotação panteísta. Pois assim como se necessita de um pouco de coragem para declarar-se partidário daquilo que se reconheceu, é preciso ter um pouco de humildade para designá-lo como aquela palavra que as pessoas vem usando a milênios: simples palavra "Deus".

É a partir dessa designação que viajaremos pelas ciências do espírito sempre norteados pela verdadeira humanização. Seja bem-vindo ao nosso barco


Rafael Sá

O autor

Oi, meu nome é Rafael Sá. Sou téologo, filósofo e escritor. Neste ambiente a fé se converge com existência, produzindo espiritualidade. Estamos aqui até que chegue a paz do Cristo!