Faltando apenas alguns dias para o dia 25 de dezembro, me coloquei a refleti sobre a data e seu significado. Não quero falar diretamente do legítimo representante da data, Jesus Cristo. Preferencialmente quero falar sobre um homem muito bom, que o defendeu em um período de crise na Igreja. Quero falar sobre o Papai Noel, ou melhor o bispo Nicolau.
Nicolau é um conhecido bispo da história da igreja, é certo que circundam sobre eles diversas crenças mitológicas que não ajudam muito. Gostaria de usar alguns dados concretos para falar sobre ele, mas antes é preciso fazer um resumo histórico da sua época.
Antes do concílio de Niceia, um dos mais relevantes para a história da igreja, os bispos e membros eram perseguidos e encarcerados com ferocidade e por vezes executados pelas autoridades romanas. Os templos das igrejas eram confiscados e transformados em templos pagãos. Nesse clima surge o imperador Constantino que fundiu a igreja com o estado e soltou os prisioneiros cristãos.
Entre esses prisioneiros estava exatamente Nicolau, preso por recusar-se a negar sua fé em Jesus Cristo, foi chicoteado todos o dias no cativeiro. Logo depois de ser solto, a questão do arianismo, que negava a divindade de Cristo, era latente. E novamente, o Bispo de Mira, decide não negar a sua fé. Além disso participa ativamente no Concilio de Niceia, afirmando agora não só a historicidade de Cristo, como tinha feito antigamente, mas agora o Cristo da fé é mantido, sua divindade preservada na mente da Igreja, mesmo depois de passar por uma de suas maiores perseguições.
Esse Nicolau, que ganhou um novo nome “Noel”, dentro da tradição brasileira, perdeu seu significado. O símbolo do cristão fervoroso que repartia o que tinha com as crianças por entender a encarnação de Deus como um sinal de cuidado educacional e espiritual de todas as pessoas foi ignorado, sendo demonizado pela cultura materialista da modernidade.
Agora ele já não defende a fé, pois os opositores da fé, o transformaram em um mago, um bruxo, um esquizofrênico, totalmente desnorteado da pura realidade, fadado a viver em um mundo de “magia”. Sinto verdadeira repulsa, ao simples fato de pensar o que aconteceria se o verdadeiro bom velhinho soubesse que o tinham transformado em um “pagão”, e por pagão não quero entender como aquele sistema religioso que não faça parte da religiosidade judaico-cristã, pelo contrário, pagão aqui se entende como um argumento do mal, uma ideologia que corrompe a consciência dos pobres, dos incultos, dos ignorantes. Corrupção que obriga milhares de perdidos em sua consciência coletiva a financiarem o mercado com as suas pequenas posses.
Quero realmente acreditar em Papai Noel. Uma geração de Nicolaus deveria se erguer de uma igreja que se encontra em ruínas, para defender a fé fora de suas porteiras, para que se lute pela afirmação na fé no Cristo divino, no Cristo histórico. O único símbolo que pode ser adorado sem que se torne um “demônio”.
O maior legado que Nicolau deixou foi colocar Jesus Cristo no centro de sua vida, seu ministério, toda a sua existência. Precisamos sim voltar a acreditar em “Papai Noel”.